Tenho grande interesse pelos vivos... não são poucas as vezes que saio andar solitária pelas ruas da minha cidade - que é uma ilha e, por isso, posso percorrê-la inteirinha fazendo uma grande volta -, saio com um único objetivo em mente: observar gente.
Há de tudo na minha cidade-ilha. Há homens pescadores - cujo objetivo é buscar no mar o sustento de sua família... sua família de algumas poucas pessoas; há homens não pescadores também... há homens administradores - de pequenas empresas, de grandes empresas... de gente - o poder público ocupa ou dá ocupação a um porção desses homens e de mulheres também - e esses homens e mulheres administram um monte de coisas.... já observei que alguns deles não sabem administrar absolutamente nada... vivem jogando no lixo o dinheiro suado da gente que trabalha honestamente.... e como há gente que trabalha honestamente, numa eterna luta.
Há mulheres... de todos os tipos... de todas as cores... de todas as formas... há as guerreiras, cozinheiras, lavadeiras... professoras... mães e não mães. Há mulheres com seus bebês nos braços... ou com seus bebês no coração.
Há muitos jovens - homens e mulheres - jovens estudantes... estudando... pra ouvir falar... conhecer... apreender um monte de coisas... tudo o que for possível, se possível... estudantes animados de muita curiosidade... jovens estudantes com uma vida de sonho em suas mãos... mochilas repletas de livros penduradas em seus ombros... se bem que não posso deixar de perceber estudantes sem curiosidade nenhuma... apenas movidos pelo vento, pela água... pelas ondas do mar... sei lá pelo o que mais.
Há, na verdade, estudantes que se contentam em abanar afirmativamente a cabeça ao ouvir falar sobre algo: 'sim, sim... sei como é'... não ousam admitir sua ignorância... não estou julgando-os... eu mesma já fiz isso uma infinidade de vezes... pra que confessar minha ignorância?
E há aqueles que verdadeiramente já ouviram falar de tudo... com esses é bom levar um dedo de prosa - rapidinho... porque meu objetivo não é conversar é só observar.
Sou uma observadora, apenas.
Ah! e há crianças... muitas... Embora todo mundo saiba que o Planeta vai sucumbir se não parar de chegar gente... muita gente continua fazendo gente... e fazendo gente... Aonde isso vai parar? Acho que a força da gravidade acabará gastando toda a sua força numa hora dessas - de tanto segurar gente por aqui - e iremos todos pelos ares... isso é só uma observação que faço.
E, por último, há cachorros... esses sim têm proliferado... e muito mais do que os bebês gente... e cada vez mais adorados... Talvez, até, algum dia eles atinjam o mesmo status que as vacas têm na Índia... talvez... isso também é só uma observação.
E eu continuo vagando pelas ruas da minha cidade-ilha... e cada ruela surge como uma grata surpresa da novidade... do desconhecido que se faz conhecido diante dos meus olhos... pra desaparecer rapidamente da memória quando viro a próxima esquina...
Sou uma observadora... e uma das últimas grandes coisas que observei é que essa minha caminhada é feita mesmo de esquecimentos...
O que me leva a uma indagação: que valor, então, tem essa minha andança por aí se tudo o que nela vivi um dia vai se apagar? Tudo, definitivamente, vai sumir como fumaça no ar...
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