sábado, 23 de março de 2013

"Estamos a caminho do Templo do Paraíso", são palavras do hino entoado por japoneses cristãos quando arrastados para o local de execução (O Silêncio, Shusaku Endo).

Pois é, estamos a caminho... isso ninguém pode negar. Pra algum lugar cada um de nós está indo. Não há ninguém parado. Ninguém para no tempo e o tempo, implacável, não para.

Como eu imagino o caminho de alguns? Um negro mar, numa negra noite rodeando tudo por completo. Impossível dizer onde começa, onde termina a escuridão. Se estender a mão, quase pode tocar a densa negridão.

E, para piorar, esses alguns estão de olhos fechados, coração cerrado; então, obviamente não enxergam a escuridão. De vez em quando, quando esses alguns querem saber para onde estão indo, o negro da noite faz um esforço tremendo pra se dissipar... e se dissipa um pouquinho... fica apenas uma névoa da madrugada.

Mas não clareia, não fica dia nunca, porque os olhos desses alguns não se abrem... estão acostumados à escuridão e é tão fácil viver com o que estamos acostumados.

Fica tudo tão silencioso.

E de que eu gostaria? Eu gostaria, bem do fundo do meu coração, que você saísse da escuridão.

E eu gostaria, também, é que a escuridão empurrasse você pra fora se você não conseguisse sair dela sozinho

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