sábado, 16 de agosto de 2014

O sol se põe no horizonte... os últimos raios lutam contra a escuridão. Nuvens carregadas anunciam que a noite será escura, molhada e longa... o vento frio prenuncia mais uma noite gelada... mãos congeladas pela solidão.

Aqui do 45º andar do prédio onde agora trabalho olho a cidade fervilhando num nervosismo que se acentua cada dia mais... um pouco mais. Formiguinhas, lá embaixo, os homens andam apressados, cabeça baixa, esgotados... trombam entre si e não se veem.

Pequenos pontinhos de luz começam a aparecer e disputar espaço com a escuridão... eles sempre chegam depois dela - é uma luta insana... iluminar o quê? Pra quê, meu Deus?

Penso no dia que passou, na vida que passou, no tempo que passou... tudo o que passou me trouxe até aqui... descrente, desiludida... não há nenhum sentido a vida. Nenhum. Só tem ela o objetivo de passar... e passar... e passar... até a morte chegar.

A identidade... desintegrar... nem um traço vai ficar... só lembranças efêmeras... passageiras, ligeiras... puf no ar vão desaparecer... nem adianta tentar as esconder.

Me perco em pensamentos, me perco na multidão... chego em casa muda e cansada... Cansada de viver uma vida que não vale nada. Viver tanto pra quê, se um dia todo o mundo vai morrer!?

Insanidade? Insanidade é você apostar que alguma coisa da vida você vai levar. O que você efetivamente tem nas suas mãos - ou em seu coração... pra não ficarmos só no óbvio material - que é exatamente seu, que no tempo não se perdeu... que você pode olhar e dizer: valeu!?
E se hoje fosse o último dia de sua vida? Ia conseguir tudo juntar e pro outro lado levar?... um cadinho surpreso? Tadinho...

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